Samo 79

05/06/2008

 

O povo pede castigo contra os inimigos
Salmo de Asafe

1 Ó Deus, as nações invadiram a tua herança; contaminaram o teu santo templo; reduziram Jerusalém a ruínas.
2 Deram os cadáveres dos teus servos como pastos às aves dos céus, e a carne dos teus santos aos animais da terra.
3 Derramaram o sangue deles como água ao redor de Jerusalém, e não houve quem os sepultasse.
4 Somos feitos o opróbrio dos nossos vizinhos, o escárnio e a zombaria dos que estão em redor de nós.
5 Até quando, Senhor? Indignar-te-ás para sempre? Arderá o teu zelo como fogo?
6 Derrama o teu furor sobre as nações que não te conhecem, e sobre os reinos que não invocam o teu nome;
7 porque eles devoraram a Jacó, e assolaram a sua morada.
8 Não te lembres contra nós das iniquidades de nossos pais; venha depressa ao nosso encontro a tua compaixão, pois estamos muito abatidos.
9 Ajuda-nos, ó Deus da nossa salvação, pela glória do teu nome; livra-nos, e perdoa os nossos pecados, por amor do teu nome.
10 Por que diriam as nações: Onde está o seu Deus? Torne-se manifesta entre as nações, à nossa vista, a vingança do sangue derramado dos teus servos.
11 Chegue à tua presença o gemido dos presos; segundo a grandeza do teu braço, preserva aqueles que estão condenados à morte.
12 E aos nossos vizinhos, deita-lhes no regaço, setuplicadamente, a injúria com que te injuriaram, Senhor.
13 Assim nós, teu povo, ovelhas de teu pasto, te louvaremos eternamente; de geração em geração publicaremos os teus louvores.



Vemos no começo deste salmo a reclamação do evento histórico da destruição do Templo, pelos Babilônios, em 586 a. C. Desse evento, culminou definitivamente o Exílio. As pessoas capacitadas e com mais cultura (principalmente de ligação com a "família real") foram para o exílio. Era a destruição como nação, pois perderam o seu local específico, não tinham mais fronteiras próprias, mas a fronteira agora era do dominador; perderam a condição de ter seu próprio governante, na época o rei, mas que era do próprio povo, afinal agora eles estavam submissos a outra nação; perderam sua religiosidade, que estava muito baseada na existência do templo. Uma grande perda de identidade!

O povo tinha feito muitas coisas contrárias à vontade do Senhor. Principalmente, negligenciaram a questão do ano do jubileu, o "ano sabático", que o Senhor orientara que a terra deveria ter. Como o povo não cumpriu, foi para o exílio para que a terra tivesse o tempo correspondente àqueles anos que o povo tinha deixado de lado de observar. Mas ainda assim sabem que errados ou não, que eles são povo do Senhor. Por isso o clamor no início do salmo é contra aqueles que não são povo do Senhor que fizeram tantas coisas contra o povo do Senhor. Não entrava aqui a questão dos erros. Mas para que o ajuste seja feito, aí sim, sempre é necessário reconhecer o erro, abandonar a prática e buscar o acerto.

A esperança no agir do Senhor se baseia no fato que os vizinhos estão escarnecendo desse povo que é povo do Senhor. Observam a realidade que todas as coisas estão ruins e estão fazendo chacota! O povo sabe que passou por tribulação por necessidade de acerto. Mas a chacota, muito mais que ser contra o povo que está vivendo o momento ruim, é contra Deus, que fez tudo o que aconteceu, que permitiu tais acontecimentos, com propósito. O povo não estava vivendo aquilo porque Deus os abandonara. Muito pelo contrário! O Senhor estava agindo e esperando o momento certo de restabelecer as coisas. Logo, fazer chacota da situação era fazer chacota do agir de Deus!

Aí, o povo espera o agir de Deus. O problema não era o que eles estavam passando, mas os povos em redor fazendo chacota do agir de Deus. Assim, eles poderiam esperar que o Senhor pudesse intervir e mudar o quadro e mais: punir quem fez chacota do que Deus estava fazendo.

No versículo oito temos o momento maravilhoso: o pedido para não lembrar da iniquidade dos pais e o clamor por misericórdia. É reconhecimento de erro, saber que o Senhor tem razões para agir de forma dura, mas esperar pela misericórdia. Se o Senhor for duro, Ele terá razões, pois há iniquidades que podem ser lembradas e que podem ser a causa de tal atitude dura. Mas a esperança por misericórdia é maior. Afinal, o Senhor pode agir assim! O povo esperava por isso.

Muitas vezes passamos por situações complicadas. Algumas, não vemos a razão, mas sabemos que o Senhor quer nos mostrar algo, moldar algo em nós, nos preparar para a caminhada. Mas há situações em que vemos que há a necessidade de um acerto, diante de um erro. Podemos esperar pela misericórdia do Senhor. E se alguém faz chacota de nossa situação sendo que estamos passando por ela porque o Senhor tem um propósito, a pessoa não estará fazendo chacota de nossa situação, mas do agir do Senhor!

Assim, saibamos que o Senhor está no controle e sempre fará o melhor. Busquemos, por conta disso, a vontade Dele, sempre. Será o melhor para o nosso viver. Não nos entristeçamos com qualquer observação sobre nossa situação. Deixemos o Senhor agir e sempre desfrutaremos do melhor, mesmo que tenhamos que enfrentar algumas situações complicadas.

 

Forte abraço.
Em Cristo,
Ricardo, pastor

Esta meditação foi enviada em 05/06/08 por e-mail.